Um dia depois de o Tesouro americano vender as últimas ações que ainda tinha da General Motors, a montadora anunciou ontem que Mary Barra assumirá seu comando no dia 15 de janeiro, tornando-se a primeira mulher na direção de uma companhia automotiva americana, um universo tradicionalmente dominado por homens.
Mary, 51 anos, assumirá o cargo de CEO da empresa no lugar de Dan Akerson, 65 anos, que decidiu antecipar sua aposentadoria depois que sua mulher recebeu o diagnóstico de um estágio avançado de câncer, segundo nota distribuída pela GM.
Filha de um operário da GM, Mary assumirá uma empresa que registra lucros há 15 trimestres consecutivos e as ações tiveram valorização de 60% nos últimos 12 meses. De janeiro a novembro, a companhia vendeu 2,56 milhões de unidades nos Estados Unidos, alta de 8,8% sobre igual período de 2012 e patamar próximo ao registrado no período pré-crise.
A futura CEO da maior fabricante de carros americana começou a trabalhar na empresa há 35 anos e ascendeu ocupando uma série de posições nas áreas de engenharia, produção e direção. Há dois. anos, ela é vice-presidente global para desenvolvimento de produção. Em agosto, ela foi nomeada vice-presidente-executiva e passou a também ser responsável pela rede mundial de compras e suprimentos da GM.
Dificuldades
A empresa encerrou anteontem o mais difícil capítulo de sua história, marcado pela concordata de 2009 e uma injeção de recursos públicos de US$ 49,5 bilhões, que deu ao Tesouro americano fatia de 61% em seu capital e lhe valeu o apelido de "Government Motors".
A fatia foi gradualmente reduzida a partir de novembro de 2010, quando a companhia fez uma oferta pública de ações depois de sua reestruturação. Restavam 2,2%, dos quais o Tesouro se desfez na segunda. Os contribuintes perderam US$ 10 bilhões dos US$ 49,5 bilhões injetados na montadora.
"Com a venda final das ações da GM, esse capítulo importante da história de nossa nação agora está fechado", declarou o secretário do Tesouro, Jacob Lew. No total, o governo destinou US$ 8o bilhões para salvar a GM, a Chrysler e seus fornecedores. O prejuízo com o socorro à Chrysler é estimado em US$ 1,9 bilhão.
Logo após o anúncio do Tesouro, o presidente Barack Obama divulgou nota justificando a necessidade da ajuda, ressaltando que o setor criou 372 mil empregos desde a crise. "A indústria automotiva americana está de volta", afirmou.
Estudo do Center of Automotive Research concluiu que o fechamento das duas montadoras seria devastador para a economia dos EUA. Segundo a entidade, o resgate do governo evitou a perda de 2,6 milhões de empregos e garantiu receita de US$ 105,3 bilhões em 2009 e 2010.
O resgate também impediu que cerca de 600 mil aposentados das duas montadoras tivessem seus benefícios reduzidos ou extintos, apontou o estudo.
Mulheres no comando
No Brasil, a GM já teve duas mulheres no comando: Denise Johnson, que ficou oito meses no posto até deixar a companhia, em 2011. Já Grace Lieblein ficou 15 meses no cargo e foi promovida para um posto na sede